exercício 3

Published: seg 20 novembro 2023

In poesia.

Os pernilongos sempre me preferiram. Era sempre eu. Nunca chamei atenção de gente, mas dos pernilongos era indiscutível. Enchia o saco. Eu com sete picadas, ninguém com nenhuma.

Mas também sempre amei mato. Sumir aqui era o plano perfeito. Mochila nas costas, indo pra onde meu coração se acalma. Respirando fundo o ar que aqui sobra.

E o que também sobra aqui é mosquito. Sozinho ou acompanhado, eles não saem de cima de mim.


Mas aqui não saem de cima de ninguém.

Aqui eu sou mais um pra eles. Mais um pros pernilongos.


Deu certo. Sumi.


Muito ar, muito silêncio, muito mosquito.




Acho que dá até saudade de quando eles falavam de mim. De quando eu que era o escolhido.



Sumi. Mas será que sumi pra sumir, ou sumi pra ser visto? Ser visto por mim, pelo menos…


queria ser visto, no mínimo, pelos pernilongos




Acho que quando vim, esqueci de uma coisa. Esqueci de esquecer de mim.

E se eu vim, vocês bem que podiam ter vindo.

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